Nova seção: Outras escrit(ur)as

Nos últimos anos, a entrada de estudantes indígenas e negros nos cursos de ensino superior no Brasil, notadamente na pós-graduação, tem impulsionado radicalmente a diversidade social e cultural e suas múltiplas expressões em vários programas, incluindo o PPGAS do Museu Nacional-UFRJ, pioneiro na implementação de políticas de ação afirmativa, que acolheram reivindicações e conquistas de segmentos historicamente excluídos pelas elites do saber institucionalizado. Estamos empenhados, agora, na avaliação de quase 10 anos dessas políticas, que estão mudando conhecimentos, epistemologias, práticas e perspectivas de professores e discentes, inclusive em suas relações, não mais unívocas, de ensino e de aprendizagem. Um dos aspectos que nos parecem mais instigantes, nesse quadro novo e dinâmico, é a irrupção de novas línguas e linguagens, que conseguem às duras penas um espaço reconhecido nos chamados “veículos” da produção acadêmica. Assim, a Mana abre um novo espaço, onde vozes e escritas outras possam ter visibilidade e repercussão, vozes e escritas já estigmatizadas como periféricas, marginais, “erradas”, por não se enquadrarem nos padrões dominantes da academia e do português da norma culta. A língua nacional dominante é o português brasileiro, a “norma culta” é apenas um dialeto de prestígio e de poder, são muitos os “portugueses” brasileiros, incluindo os chamados “portugueses indígenas”, são muitas as línguas e os falares de um país de muitas línguas. É tudo isso que queremos abrigar e mostrar, fora das amarras da formalidade e da conformidade.